Cristina Miranda
Querem-nos convencer a todo o
custo que a Ideologia de Gênero se baseia apenas no ensino da tolerância,
aceitação, conhecimento e igualdade entre gêneros. E assim perante tão nobre
intenção justificam a sua implementação imposta a todos os alunos na disciplina
de cidadania. Ora, se é assim tão claro que se trata de uma ideologia “científica”
imprescindível à formação do indivíduo, por que razão a lei que tornou possível
a ideologia de gênero nas escolas, foi aprovada em total segredo e sem debate
público em 2018?
Pois bem, a resposta é simples
para qualquer ser pensante que não segue as patranhas progressistas: não foi a
debate porque simplesmente é uma grande mentira fabricada à medida das agendas
feministas e LGBTIQ que recebem muito dinheiro público para a promoção da
ideologia.
A primeira grande questão que
se levanta é: por que razão não aparece documentação sobre o tema na Biblioteca
Nacional como alerta Mário Cunha Reis no seu artigo “Ideologia de Estado” no Observador?
Numa pesquisa simples, há zero
resultados quando se procura bibliografia sobre a ideologia de gênero. No
entanto, se a busca for “queer”, não falta bibliografia sobre o tema onde a
ideologia de gênero está englobada. O que prova que não estamos perante uma
teoria comprovada cientificamente, mas sim uma teoria LGBTIQ.
Assim sendo, segue a segunda
grande questão: não sendo uma teoria científica o que está ela a fazer no plano
curricular dos alunos desde o pré-escolar? Ora, a resposta aqui é também ela
simples: isto não é ensino, é doutrinação. A prova está
escrita pela própria CIG na página 5 dos Guiões onde explicitamente é dito:
“(…) o conteúdo apresentado não exprime necessariamente a opinião da
Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Gênero.” Ou seja, a CIG
desresponsabiliza-se do conteúdo destes guiões em caso de queixas.
Vamos lá esclarecer: uma
coisa é ensinar o respeito, aceitação e tolerância por todos os seres humanos
independentemente das suas diferenças, sejam elas a que nível for; ensinar que
todos os seres humanos são iguais e não podem ser discriminados no acesso à
saúde, educação, trabalho pelas suas orientações sexuais, religiosas ou
ideológicas, raça, etnia ou cultura; outra é defender que igualdade é
“ensinar” que não existem diferenças sexuais entre indivíduos
porque todos nascemos neutros e que é a sociedade que constrói o nosso gênero;
que a maternidade não é um exclusivo das mulheres; que todos os males desta
sociedade está no homem heterossexual e família patriarcal; que o gênero não é
imutável.
Foi exatamente isto que
encontrei ao ler os guiões do Ministério da Educação (no pré-escolar, no 1º ciclo no 2º ciclo, no 3º ciclo e no secundário). Na página 265 do Guião para ensino
secundário pode ler-se: ”(…) deste modo a diversidade sexual humana e a
compreensão das expectativas das pessoas LGBTIQ relativamente aos direitos
sexuais e reprodutivos poderá ser melhor compreendida e refletida”. Na
página 270 do mesmo guião, branqueia a ciência e diz: “(…) a ciência é uma
construção socio-histórica, portanto determinada temporalmente e espacialmente.
Por isso numa perspectiva de gênero não basta salientar a necessidade de
reconhecimento da importância das teorias e modelos na construção do
conhecimento científico, mas também desconstruir os processos na sua produção”.
Mas não se ficam por aqui: reclamam a reprodução assistida como um direito à
igualdade; questionam a linguagem não inclusiva; questionam a história
produzida; afirmam não haver complementariedade entre sexos; que as questões
sociais afastaram meninas das atividades desportivas; que há uma cultura de
heteronormalidade que classificam de homofóbica; impõem-se contra a existência
de dois sexos bem definidos; afirmam que existe disparidades salariais;
defendem o aborto como método contraceptivo; defendem quotas de forma
dissimulada; defendem a desconstrução da sociedade; transformam em patologia
todos os que não concordam com esta ideologia. Ou seja, só trata da
agenda feminista e LGBTIQ. Por quê? Mais: estes Guiões
são escritos por feministas, algumas lésbicas e homossexuais. Isto é
doutrinação, sem qualquer dúvida.
Para reforçar ainda mais esta
ideia, João Miguel Tavares escreveu no Público sobre uma atividade de uma
escola na disciplina de Cidadania: “A Rede Ex-Aequo [uma associação
lésbica] não se limita a combater “o bullying homofóbico e transfóbico”. É da
facção (o vídeo de apresentação é muito esclarecedor quanto a isso) que nos
convida a dizer “oradores e oradoras”, que garante que “juntas e juntos fazemos
a diferença”, e que quer esclarecer os nossos filhos sobre o verdadeiro
significado da palavra “heteronormatividade”. E isso, caras associações LGBTI,
é 100% ideologia.”
De acordo com a maior
defensora de gênero da atualidade, e cuja bibliografia serviu de base
para os Guiões, a americana Judith Butller, “ninguém nasce homem, nem
mulher, nem gay, nem lésbica, pois o gênero deve ser construído na escola, com
quantos gêneros quantos a criança deseje.” Mais claro do que isto é impossível.
A doutrinação da ideologia de
gênero é ilegal porque viola a liberdade de consciência e crença do estudante;
o princípio da neutralidade política e ideológica do Estado; o direito dos pais
sobre a educação moral dos filhos. Porque a Declaração Universal
dos Direitos Humanos no seu artigo 26º nº 4 diz claramente: ”Aos pais
pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos
filhos” e na Constituição da República Portuguesa no artigo 36º, nº 5
e artigo 43º, nº 2 está escrito: “Os pais têm o direito e o dever de
educação e manutenção dos filhos” e “O Estado não pode
programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas (…)
políticas, ideológicas”.
Perante isto, onde está a
dúvida quanto à inconstitucionalidade do decreto-lei que autorizou o ensino da
ideologia de género nas nossas escolas?
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
19-3-2019
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